terça-feira, 23 de outubro de 2012

Surra de cinta (podem desligar os aparelhos)

O tucanato e seus veículos oficiais de comunicação têm se mostrado tão perdidos; a surra imposta pelo PT tem sido tão acachapante, que, daqui a pouco, já não se poderá mais falar sequer em polarização.

Nem mesmo a patética comovente tentativa de alçar o objeto da Ação Penal nº 470 à condição de "maior escândalo de corrupção da história do Brasil" foi capaz de frear o sólido crescimento petista: em plena espetacularização do julgamento, o partido de Lula, domingo próximo, finalmente deverá romper aquele que talvez seja o último bunker tucano, elegendo o debutante Fernando Haddad. E, tudo indica, o fará com larga vantagem. Surra de cinta, mesmo.

Resposta das urnas ao partido que, nascido de centro-esquerda, para alcançar o poder aliou-se ao Carlismo e a tudo o que de pior grassou pela política brasileira; partido que, nos anos 90, seguiu docilmente a cartilha de Washington, dilapidando de maneira irreversível o patrimônio estatal e abandonando o país aos humores do capital especulativo; partido cuja morte do grande Mário Covas implicou na perda da única figura política que ainda lhe conferia algum lastro; partido, enfim, que talvez tenha na constrangedora imagem abaixo sua mais completa tradução.



De fato, a coisa anda tão feia para os lados de Higienópolis que, como já disse, começo a temer pela possibilidade de que, no plano nacional, venhamos a perder aquela sempre saudável alternância no poder. Não, não estou aqui tecendo teorias catastrofistas sobre o fim do Estado Democrático de Direito, mas apenas preocupado com a possibilidade de que, por pura falta de opção nas urnas, acabemos por promover a duradoura e nociva acomodação de uma única estrutura partidária na máquina estatal.

E, como o PSDB dá mostras de não ter mais fôlego para se reinventar como partido (bem o demonstra a fórmula adotada nos últimos anos, um empoeirado mix de udenismo barato e populismo rasgado), torna-se cada vez mais urgente o surgimento de uma terceira via, um partido que venha a fazer oposição madura e responsável ao PT.

Uma nova força que, se não for pedir muito, deverá, sem meninices universitárias, situar-se à esquerda do Partido dos Trabalhadores - que, com todos os seus defeitos, até que este dia chegue seguirá sendo a melhor opção.

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